Camila Pitanga, 35 anos, já deixou sua marca na televisão brasileira graças a papéis como a prostituta Bebel, de Paraíso Tropical, e a executiva Carol, de Insensato Coração. Hoje, a atriz vive Isabel, uma das protagonistas de Lado a Lado, nova novela das 18h da TV Globo. Sua personagem é filha de um ex-escravo e empregada doméstica no Rio de Janeiro de 1904. Apesar de reconhecer que o principal objetivo das telenovelas é o entretenimento, acredita que papéis como este podem contribuir para gerar reflexão sobre assuntos importantes da sociedade. "Acho que a novela é uma faísca. Pode contribuir para gerar uma reflexão afirmativa", disse.
Camila nasceu em uma família de atores. Filha de Antônio Pitanga e Vera Manhães, teve seus primeiros papéis na televisão já aos 16 anos. Mas foi só ao estudar teatro na universidade que teve a certeza de que queria seguir a profissão. Para encarnar a atual personagem, estudou história e dança africana para aprimorar seus conhecimentos daquele período. A trama se passa na época do Prefeito Pereira Passos - tempo em que a abolição da escravatura era recente e o preconceito e a marginalização (que segundo ela existem ainda hoje) eram enormes. Mas Camila acredita que o papel de Isabel não é o de uma vítima, mas sim de uma mulher forte e à frente de seu tempo. "Ela traz dignidade. Tem um ponto de vista crítico sobre o período em que vive".
A atriz contou ainda que vê fortes paralelos entre o período em que a novela se passa - conhecido como o Rio de Janeiro do Bota-Abaixo, devido às grandes transformações urbanas e à demolição de cortiços - e o atual, com as reformas em andamento para os Jogos Olímpicos de 2016. "Estou feliz de fazer esse projeto porque está me dando a oportunidade de estudar, de repensar isso. Quem somos nós? Para responder, a gente tem que olhar para trás e fortalecer as nossas raízes africanas", afirmou.